RIO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou, em entrevista ao Grupo RBS divulgada pelo Palácio do Planalto nesta sexta-feira, a apuração dos escândalos do Senado para "matar o assunto", uma vez, que, segundo ele, o país "tem coisas mais importantes para serem discutidas".
- Apresenta o resultado (da investigação), pune quem tiver errado, faz o que tiver que fazer, e mata o assunto - defendeu Lula. - O que você não pode é ficar com um emprego errado, dois empregos errados, dez empregos errados, a vida inteira falando daquilo sem que haja uma solução. Dizima esse problema e vamos tocar o barco para frente, porque nós temos coisas muito importantes para serem discutidas neste país.
Na entrevista, o presidente disse que se recusa a discutir 2014 porque não seria benéfico para a candidatura de Dilma, mas deixou em aberto caso um adversário seja eleito em 2010:
- Se a Dilma for eleita, eu vou torcer para ela fazer o melhor que alguém possa fazer neste país e ela ser candidata à reeleição. Ora, se for um adversário que ganhe, aí sim, pode estar previsto. Bom, em 2014 é possível voltar. Depende.
Sobre a crise do Senado, o presidente disse ainda não acreditar que a crise vá levar a renúncias:
- Nenhum senador vai renunciar ao mandato, nenhum senador vai pedir as contas. Eu acho que eles vão se acertar e vão prestar a conta que a sociedade quer que preste.
Perguntado sobre as recentes críticas que tem feito à imprensa, Lula negou que estivesse se referindo apenas ao episódio do Senado.
- Eu não critico a imprensa por conta do Senado - disse ele. - Critico por outras coisas, pelo denuncismo desvairado, que às vezes não tem retorno. Há uma prevalência da desgraça contra as coisas boas. Não sei, talvez venda mais jornal - afirmou.
Lula vem defendendo Sarney desde a semana passada, quando criticou o que chamou de onda de "denuncismo" e disse que o presidente do Senado "não deveria ser tratado como uma pessoa comum" . Na quinta-feira, quando aumentaram as pressões para que o senador se licenciasse da presidência, Lula disse que a crise na Casa é menor e que Sarney tem o compromisso de apurar os escândalos .
A senadora Marina Silva (PT-AC) defendeu nesta sexta um amplo debate sobre a crise no Senado e também que as denúncias que atingem a instituição sejam investigadas pleno próprio órgão, pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público. Na opinião da senadora, é necessário uma "instituinte", uma espécie de constituição da própria Casa com objetivo de refundar o Senado Federal.
- A crise nunca foi tão oportuna. Todos aqui vivem uma situação de muita insegurança (jurídica). Para cada regra (interna) que diz "sim", há outra que diz "não". Precisamos passar por uma "instituinte". As instituições também adoecem. Precisamos aproveitar o momento para refundar o Senado, tornando-o uma instituição à altura da democracia brasileira - disse Marina Silva, que declarou ainda que há, no Senado, "perda de referência e de autoestima: as pessoas se sente aviltadas no ambiente de trabalho".
Nenhum comentário:
Postar um comentário