RIO - Poucas vezes a família Jackson teve o benefício da dúvida. Sempre pairou sobre os pais e irmãos de Michael Jackson a imagem de parentes de olho (grande) em seu familiar mais bem-sucedido. As histórias de violência de seu pai, Joseph, contra os próprios filhos talentosos, a omissão da mãe, Katherine, diante desses abusos, e os repetidos escândalos que Michael (especialmente) e seus irmãos protagonizaram nas últimas décadas apenas corroboraram esta impressão. Mas, diante de milhões de pessoas que os assistiram ao vivo em todo o mundo nesta terça-feira, um novo ângulo da família Jackson veio a público.
Sobre o palco do Staples Center, os familiares se abraçavam quando a pequena Paris, de 11 anos, que o pai fazia questão de esconder do olhar público, pediu para dizer suas próprias palavras de despedida. "Eu queria apenas dizer que, desde que eu nasci, eu tive o melhor pai que se possa imaginar. E eu queria dizer que eu amo você, papai." Seus irmãos, Prince Michael, de 12 anos, e Prince Michael II, 7 anos, também estavam no palco.O mais novo carregava nos braços um pequeno boneco do pai.
Ela foi amparada com carinho pelos tios Janet, Jermaine, Marlon, La Toya, Randy, Jackie, Rebbie e Tito. Todos vestiam preto, e os irmãos usavam luvas prateadas, como as que Michael tornou célebres. A mãe, Katherine, e o pai, Joseph - que veio a público anunciar o lançamento de uma gravadora apenas dois dias após a morte do cantor - também estavam no palco, embora mais discretamente. Atitude que, logicamente, soou oportunista.
Não havia nada falso, porém, no choro da criança e no amparo dos tios, que vão de encontro a depoimentos como o da babá Grace Rwaramba , que afirmou que os filhos Paris, Prince Michael, de 12 anos, e Prince Michael II, de 7, tinham "uma relação desconfortável" com o pai.
Para seu tio Marlon, que também discursou ao fim da cerimônia de duas horas, tudo que envolvia o nome de Michael era superdimensionado. "Nós nunca vamos entender como era difícil para ele atravessar uma rua com uma multidão ao seu lado", disse Marlon, depois de engasgar com a própria emoção. "Como (Michael) foi julgado, ridicularizado. Quanta dor uma pessoa pode aguentar? Michael, talvez agora as pessoas te deixem em paz", afirmou, num tom claro de desabafo.
Jermaine, que antes subira ao palco para interpretar "Smile", canção que Charles Chaplin compôs para o filme "Tempos modernos", de 1936, e era a favorita de Michael, fez o papel de anfitrião da cerimônia. "Eu não encontro palavras para agradecer a todos por ter vindo", disse, para as 11 mil pessoas presentes ao Staples Center. Em seguida, disse, como se estivesse falando diretamente para o irmão morto: "Queria ser a sua voz, aquele que carregava sua dor nos ombros. Muito obrigado."
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