Apelo por fiscalização no Pedro II
Diretora pede repressão a vans ilegais. Secretário de Ordem Pública já rebocou algumas na porta da escola do filho
Rio - Um pedido de socorro para evitar novas tragédias. A diretora-geral do Colégio Pedro II, Vera Maria Ferreira Rodrigues, convocou fiscais da Prefeitura e do Detro a ir à porta das oito unidades da rede, no Rio, Caxias e Niterói, reprimir o transporte escolar ilegal. Quarta-feira, quatro alunos de São Cristóvão morreram numa van pirata. O secretário especial de Ordem Pública, Rodrigo Bethlem, afirma que a fiscalização chega à cidade toda, até à porta do colégio do filho dele. Lá, 600 alunos ficaram a pé porque os veículos escolares ilegais foram rebocados.
Thaíssa conta que a van do acidente enguiçava sempre. O pai confirma: ‘Cansei de ajudar a empurrá-la’. Foto Felipe O´Neill/Ag. O DIA
Pelo menos um dos sete veículos de transporte escolar legal indicado pela Associação de Pais e Alunos (APA) do Pedro II de São Cristóvão não pode circular: está com o licenciamento atrasado. Dos 52 motoristas recomendados, 45 não possuem licença do serviço.
Ontem, Vera exigiu dos representantes da APA que só indiquem condutores legalizados: “Queremos que as autoridades fiscalizem o transporte escolar em todas as nossas unidades para garantir a segurança dos nossos alunos”.
Segunda, a escola volta à rotina após 3 dias de luto. Psicólogas e assistentes sociais receberão os colegas de turma dos mortos. Entre os feridos ainda internados, o mais grave é Matheus Telles, 8 anos, que está no CTI do Hospital Miguel Couto. “Ele só está preocupado com o irmão, Lucas”, contou o pai dos meninos, Alexandre José Telles, 35 anos. Matheus não sabe que o irmão morreu.
A prefeitura já apreendeu 82 vans escolares este ano. Algumas foram rebocadas na porta do colégio do filho do secretário de Ordem Pública, na Barra. “Antes as crianças a pé do que mortas. As operações vão continuar e com mais intensidade. Os pais têm que fazer a parte deles. Quem contrata transporte escolar quase sempre tem recursos, é esclarecido. Então tem exigir do motorista a autorização da prefeitura”, enfatizou Bethlem. O Detro reforçará a repressão às de trajetos intermunicipais.
Faixa amarela onde se lê ‘escolar’ é um dos itens que identifica o transporte legal de estudantes. Pais podem conferir se a van é autorizada digitando a placa no site www.rio.rj.gov.br/jari/veiculoreg/cons_transp_reg.htm.
VEÍCULO SÓ TINHA DOIS CINTOS
Van empurrada quase todos os dias
Enguiços quase diários e dois cintos de segurança eram outras falhas da van que causou a tragédia com os alunos do Colégio Pedro II. “Se tivesse cinto para todo mundo, meus amiguinhos não tinham morrido”, contou a sobrevivente Thaíssa Cristine Siqueira Lima, 9 anos.
“Quase todos os dias ela tinha que ser empurrada”, revelou a menina. “Eu mesmo já ajudei a empurrá-la na porta de casa”, endossou seu pai, o servidor Marcos Aurélio Oliveira Lima, 41, que comemora o fato de a filha estar viva.
“Os médicos se surpreenderam por ela não ter sofrido absolutamente nada. Foi um milagre. Deus me deu o maior presente que poderia receber na minha vida”.
'Já atropelei, mas tenho que sobreviver’
Vans, Kombis e utilitários sem licença levam alunos cujas famílias buscam preço baixo ou trajeto mais adequado. Diante do Colégio Militar, na Tijuca, Júlio Cesar Marçal admitiu que esperava estudantes. “Trabalho com crianças desde os 17 anos. Já atropelei, mas tenho que sobreviver”, disse o condutor num Berlingo, com placa de Salvador e fora das normas.
No Colégio Martins, em Vila Isabel, van exibia o cartaz “Transporte Escolar, Eventos e Viagens”. “Só uma de nossas três vans é cadastrada para transporte escolar. Hoje o motorista teve problema e estou ajudando”, disse Eliane Barbosa.
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