terça-feira, 23 de junho de 2009

Mãe admitiu saber que Sophie era agredida

O DIA

Maristela soube da morte da filha pela imprensa e acusou irmã de tê-la espancado

POR CHRISTINA NASCIMENTO, RIO DE JANEIRO

Rio - Em depoimento ontem na 36ª DP (Santa Cruz), Maristela Zanger, 40 anos, mãe de Sophie, 4, que morreu com suspeita de espancamento, contou que a filha e o irmão mais velho, R., 12, sofriam constantes agressões de sua irmã, Geovana dos Santos Viana, 42, que tinha a guarda das crianças. Ela contou que atualmente mora no Estácio com um namorado e se apresentou ao saber da tragédia pela imprensa.

O irmão da menina, que chegou a afirmar que ele próprio a tinha agredido, ontem, em depoimento, contou que, por estar muito debilitada, a irmã caiu e bateu com a cabeça no box. Este não foi, no entanto, o único momento em que Sophie sofreu ferimentos. Ele revelou que viu machucados em Sophie no dia 10, dois dias antes de ela ser levada à UPA de Santa Cruz por vizinhos. Geovana e sua filha, Lílian, 21, acusam R. de ter espancado Sophie com cabo de vassoura. Sexta-feira, ao se encontrar com o pai, o austríaco Sascha Zanger, 39, o menino acusou Lílian de tê-lo forçado a dizer que agrediu a irmã.

O delegado Aguinaldo Ribeiro aguarda o laudo cadavérico e boletins médicos. “Se ficar provado que a morte foi por espancamento, vou pedir a prisão de Geovana e Lílian e tratar o caso como homicídio doloso (com intenção de matar)”, afirmou. Sophie, que ficou uma semana em coma, teria morrido vítima de traumatismo craniano e teria tido pulsos quebrados.

Em suas declarações, em que alternou momentos de lucidez e dispersão — ela sofre de distúrbios mentais —, Maristela disse ter sido expulsa da casa onde morava, em frente à de Geovana, a pauladas. Ela acusou a irmã de ter pedido a guarda das crianças à Defensoria Pública, em dezembro, com a intenção de se apoderar da pensão de 500 euros. Ela chegou a dizer que fugira para a Alemanha e, posteriomente, para São Paulo, em janeiro de 2008, porque Sascha agredia e molestava sexualmente R. Depois, desmentiu a versão. Indignado, Sascha negou.

O guarda municipal Sizenando dos Santos Viana, marido de Geovana, inocentou a mulher e a filha. “Foi uma fatalidade. Ela caiu e bateu com a cabeça. Sempre demos bom tratamento aos dois (Sophie e R.), tanto que nos chamam de pai e mãe”.

Cônsul da Áustria reclama da Justiça brasileira

O cônsul da Áustria, Peter Wass, disse que “não entendeu” a demora da Justiça brasileira no processo de devolução da guarda das crianças ao pai. “Fico surpreso de como um cidadão austríaco não consegue a guarda de filhos austríacos, depois que a mãe ficou desaparecida por três meses”, comentou.

Vizinhos ameaçaram linchar Geovana e Lílian, que estão na casa de parentes. “Sempre via hematomas em Sophie e R.”, afirmou Sílvia Cavalcante, 36, que levou a menina à UPA. “Ouvia choro de crianças constantemente”, completou o comerciário Márcio de Souza, 32, que mora ao lado.

ENTREVISTA: SASCHA ZANGER pai de Sophie: ELA COMEÇOU A CISMAR COM TUDO

1. Qual foi a última vez que você viu seus filhos?
Foi na Páscoa. Fiquei chocado quando os encontrei. O mais velho usava as roupas do tio e um chinelo em que a correia estava presa com um prego. Levei-os para o shopping e gastei R$ 1.500 para vesti-los como gente.

2. Como era o comportamento da sua ex-mulher?
Com o tempo, ela começou a cismar com tudo e se fechava no apartamento. Arranjei três empregos para ela, mas nunca ficou mais de um mês. Tentei fazer com que ela estudasse e fizesse aulas numa autoescola. Meu objetivo era que ela não deixasse Viena por causa das crianças, que lá teriam um melhor padrão de vida.

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