RIO - O chefe da Polícia Civil, Alan Turnowski, disse, em entrevista nesta quarta-feira, que os tiros que atingiram o carro da engenheira Patrícia Amieiro, desaparecida há um ano, partiram da arma do soldado da PM William Luiz do Nascimento, lotado no 31º BPM (Recreio) e que estava de plantão na saída da Autoestrada Lagoa-Barra. Segundo Turnowski, após receber três tiros, o veículo ficou desgovernado e caiu numa ribanceira. Ao verem que não havia um bandido no carro, os policiais militares decidiram ocultar o corpo.
- Segundo o apurado, a menina vinha com o seu carro e, por um motivo que só os policiais militares podem esclarecer, o veículo foi alvejado com três disparos. O carro desgovernou e caiu em uma ribanceira, próximo ao canal que existe na Barra. Em seguida, os policiais desceram, verificaram que se tratava na verdade de uma menina, e tentando ocultar o crime que tinham cometido, tiraram o corpo de lá, baixando o banco para isso, e com a ajuda de outros dois policiais que chegaram no local, ocultaram este corpo e mexeram no veículo. Agora, com a nova equipe de peritos, com a Delegacia de Homicídios, chefiados pelo Dr. Ricardo, foram comprovados todos estes fatos, solucionando de vez este caso - afirmou Turnowski ao telejornal "RJTV".
Um exame detalhado da perícia feita nas perfurações e no rastro deixado pelo projétil que atingiu o carro permitiu à polícia apontar os policiais que atiraram no veículo. Com esses detalhes, o diretor do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), Sérgio Henriques, pôde precisar que um dos disparos foi feito pela pistola .40 que foi utilizada naquele dia pelo soldado William.
William e o cabo Marcos Paulo Nogueira Maranhão foram indiciados por homicídio e ocultação de provas e de cadáver. Os soldados Fábio Silveira Santana e Márcio Oliveira Santos foram denunciados apenas por ocultação de provas e de cadáver. Todos tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Fábio Uchoa, do 1º Tribunal do Juri da Capital. De acordo com o delegado adjunto da Divisão de Homicídios, Ricardo Barbosa, que investigou o caso, os quatro podem ser presos a qualquer momento e serão levados para o Batalhão Especial Prisional da PM (BEP).
Os peritos do ICCE também concluíram que os policiais militares alteraram a cena do ocrime.
- Para nós se trata de um caso de homicídio - resumiu o delegado Ricardo Barbosa, que presidiu o inquérito na Delegacia de Homicídios.
Dez peritos participaram da elaboração dos laudos. O inquérito policial acumulou mais de 3 mil páginas
Outros dois PMs não foram denunciados pelo Ministério Público, apesar de terem sido indiciados pela polícia.
- Ainda não há provas suficientes contra eles. Mas isso não está arquivado e, surgindo novas provas, também poderão ser denunciados - explicou o promotor Homero Freitas.
Toda a entrevista desta quarta-feira, mostrando passo a passo as investigações da polícia, foram acompanhadas pelo pai da engenheira, Antônio Celso de Franco, e pelo irmão dela, Adriano.
- Quero que eles sejam condenados e não sejam beneficiados pelo regime de regressão. Agora, quero saber onde está Patrícia. O que eles fizeram com ela? - indagou Antônio.
- Essa conclusão não traz alívio, só aumenta a raiva - disse Adriano.
Turnowski disse que a investigação está concluída, mas a polícia ainda tem esperança de encontrar o corpo da engenheira:
- A investigação acaba, no sentido que está esclarecido o crime. Falta achar o corpo. A gente continua com esperança de achar o corpo da menina, mas a investigação em si, os culpados estão esclarecidos.
Nesta quarta-feira, o Ministério Público (MP) e a Polícia Civil pediram à Justiça a prisão preventiva dos quatro policiais militares acusados de terem participado da morte de Patricia Amieiro. Os quatro foram denunciados pelo MP por ocultação de cadáver e dois deles por homicídio. Segundo o promotor Homero Freitas, o MP não conseguiu comprovar a participação de outros dois PMs.
( Veja fotos da reconstituição do crime )
O crime aconteceu no dia 14 de junho de 2008. Segundo os peritos, o carro de Patrícia estava a pelo menos 120 Km/h. Eles consideram improvável que a engenheira tenha sido jogada para fora durante a queda. A principal suspeita é que os PMs tenham tentado fazer patrícia parar, não foram atendidos e atiraram. Depois, teriam pedido apoio a outros colegas do batalhão do Recreio dos Bandeirantes para ocultar o corpo. O inquérito do caso revela ainda que os policiais, do 31º BPM (Barra), recorreram a milicianos de Jacarepaguá para dar sumiço ao corpo, que teria sido queimado num "micro-ondas" - fogueira feita com pneus.
O carro de Patrícia Franco foi encontrado em uma ribanceira, na Barra da Tijuca, na saída do Túnel Zuzu Angel. A engenheira, de 24 anos, foi vista pela última vez depois de sair de um show no Morro da Urca. Segundo amigas, ela tinha bebido e dirigia com a carteira de habilitação vencida. A família da engenheira fez várias manifestações pedindo rapidez na investigação. No início do mês, policiais militares que estavam no local naquela madrugada, participaram de uma reconstituição.
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