quarta-feira, 8 de julho de 2009

Oposição troca crise no Senado por CPI da Petrobras

O GLOBO

O plenário do Senado nesta terça-feira - Foto de Ailton de Freitas/O Globo

BRASÍLIA - A crise do Senado passou longe do plenário nesta terça-feira. Em vez das denúncias que atingem a instituição e seu presidente, senador José Sarney (PMDB-AP) , a oposição concentrou artilharia sobre a CPI da Petrobras. Não houve cobranças para que o chefe do Congresso deixasse o cargo. Infográfico: Saiba mais sobre a CPI da Petrobras e responda a um quiz

- Nós centramos fogo na CPI. Sem número, você não provoca nada, é uma questão aritmética - disse o líder do DEM, senador José Agripino (RN).

Trata-se de um redirecionamento tático. Diante do cenário eleitoral, PSDB e DEM concluíram: é melhor retomar os ataques e as investigações contra o governo do que alimentar a crise - ruim não só para Sarney, mas para todo senador que deseja disputar mandato no ano que vem. Em 2010, dois terços da Casa passarão pelo crivo das urnas.

Tanto democratas como tucanos advogaram pela licença de José Sarney do comando da Casa. Por ora, decidiram tirar o pé do acelerador.

A mudança de estratégia foi definida em uma reunião da cúpula dos dois partidos oposicionistas nesta manhã. O efeito da decisão foi imediato.

O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), não descartou a possibilidade de instalação da CPI da Petrobras.

O clima no plenário na tarde desta terça foi completamente diferente da última terça-feira. Ao contrário da semana passada, José Sarney presidiu a sessão. Ninguém falou na crise. Há exatos sete dias, o peemedebista vivia um calvário. Pressionado, chegou a pensar em renúncia . Foi salvo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, interessado na governabilidade.

" Eles mudaram o jogo. O motivo, eu não sei "

- A crise está no colo do presidente Lula e do PT - alfinetou Agripino, negando estar lavando as mãos em relação às denúncias que atingem a Casa e o parlamentar que a lidera.

O PT queria o afastamento temporário de José Sarney, mas nunca formalizou a proposta como posicionamento da bancada. Haverá uma reunião na quarta para deliberar sobre o assunto.

- Eles mudaram o jogo. O motivo, eu não sei - disse o senador Aloizio Mercadante (SP).

Oposição ameaça não votar LDO e ir ao STF

A disputa pela instalação da CPI da Petrobras pode parar no judiciário. O PSDB ameaça recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) se a CPI não for implantada. O governo vem fazendo manobras para evitar a investigação política. A base aliada, com maioria da comissão, não dá quórum à sessão que formalizaria o início do inquérito parlamentar.

O presidente do Senado anunciou, também nesta terça, "que usará da autoridade de seu cargo" para ajudar a solucionar o impasse entre a oposição e os governistas que vem impedindo o funcionamento da CPI da Petrobras

A oposição, por outro lado, promete obstruir a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) se o impasse não foi resolvido . O governo trabalha para aprovar a lei ainda esta semana, já que o Congresso não pode entrar em recesso sem a aprovação da LDO.

A ideia dos governistas é votar na quarta-feira o relatório sobre o tema na Comissão Mista de Orçamento, o que abriria caminho para a apreciação do texto pelo plenário do Congresso no dia seguinte.

Parlamentares da oposição dizem que a aceleração da tramitação do projeto tem como objetivo beneficiar o Sarney, antecipando o recesso parlamentar.

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