quarta-feira, 8 de julho de 2009

FH diz que Lula nunca reconheceu a importância do Real para o país

O GLOBO

BRASÍLIA - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acusou nesta terça-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de nunca ter reconhecido a importância do Plano Real para os avanços do país. Houve presença maciça de líderes tucanos na comemoração pelos 15 anos do Real em solenidade no Congresso Nacional, e poucos petistas compareceram.

- Eu seria injusto com ele ( Lula), se dissesse que ele está apenas surfando. Não, ele usou e não reconheceu. Até agora não disse uma palavra de reconhecimento dos benefícios que o Real - e tudo que fizemos no meu governo - trouxeram para o país. Mas ele fez também a parte dele - afirmou Fernando Henrique em entrevista após a solenidade.

" Até agora não disse uma palavra de reconhecimento dos benefícios que o Real e tudo que fizemos no meu governo trouxeram para o país. Mas ele fez também a parte dele "

Na comemoração dos 15 anos do Real, o único petista que discursou foi o líder do partido no Senado, Aloizio Mercadante (SP), que afirmou ter sido um crítico "duro" da política econômica de FH , mas também reconheceu que "alguns questionamentos" daquela época não tinham procedência. Por outro lado, Mercadante defendeu a postura do atual governo nos últimos seis anos.

- Tivemos um papel decisivo para manter a estabilidade econômica. Estou reconhecendo que é difícil, na oposição, que não fomos os críticos mais equilibrados, como não são hoje os nossos críticos - disse Mercadante, afirmando também que deveria haver mais diálogo entre Lula e FH.

- Esses 15 anos do Real têm que ser celebrados juntos pelo Lula e Fernando Henrique. Faz falta a presença do presidente Lula hoje aqui com Fernando Henrique. Vocês dois deveriam começar a conversar mais - ressaltou o líder petista. O presidente Lula está em Paris.

Já FH, no discurso em plenário, respondeu ao líder do PT e também deu uma estocada em Lula.

- Talvez, senador Mercadante, as suas palavras tenham sentido, mas não deveriam ser dirigidas a mim. Devem ser ditas a quem pode (ao Lula). E quem pode não sou eu, eu estou por baixo. Quando estive por cima, sempre tentei, mas não consegui.

FH também defendeu uma nova pedagogia para a política brasileira com mais respeito às leis.

- A lei que vale para todos, sejamos iguais. Não tem gente mais poderosa ou menos poderosa, precisamos mudar o comportamento.

FH visita Sarney e não fala em denúncias

ex-presidente Fernando Henrique e o governador Aécio Neves se reúnem com o presidente do Senado, José Sarney - Agência SenadoAntes da solenidade, líderes tucanos se reuniram com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), mas fizeram questão de deixar claro que não era um ato de solidariedade. ( Leia mais: Lula diz não ver crise, apenas 'divergência' no Senado )

" Em casa de enforcado não se fala em forca e nem em corda "

- É só um gesto de cortesia. Não vou entrar nessa confusão do Senado porque em casa de enforcado não se fala em forca e nem em corda - comentou FH.

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), também participaram do encontro no gabinete de Sarney.

- É só uma visita de cortesia - ressaltou Aécio.

Lula diz que não há crise no Senado: são 'divergências'

Já o presidente Lula negou que o Senado esteja passando por uma crise . O que há, segundo o presidente, são divergências, e denúncias que precisam ser apuradas.

- Eu, sinceramente, não sei como alguém pode tratar de crise uma divergência dentro do Senado - afirmou Lula, durante entrevista após encontro com o presidene da França, Nicolas Sarkozy, em Paris.

Questionado sobre a posição que o PT vai adotar diante da crise, Lula respondeu que a bancada do partido "vai agir da melhor forma possível".

Bancada do PT adia mais uma vez decisão sobre Sarney

A reunião da bancada do PT, que decidiria sobre o apoio a Sarney, cobrado pelo presidente Lula , foi adiada para esta quarta-feira, segundo informou o Blog do Noblat. Para evitar um desgaste ainda maior, a estratégia dos petistas é não fechar questão sobre este assunto até o início do recesso parlamentar, no fim da próxima semana. Qualquer que seja a posição, os petistas terão prejuízos político-eleitorais.

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