RIO - A Polícia pretende ouvir na quinta-feira o médico suspeito de omissão no atendimento a três mulheres grávidas no Hospital Miguel Couto, no Leblon. O médico teria informado às pacientes que no local não havia vagas e escrito no braço delas o nome da maternidade que deveriam procurar para ser atendida e os ônibus que, por conta própria, deveriam pegar para chegar lá. Após a peregrinação na quinta-feira, Manuela Costa, de 29 anos, acabou perdendo o bebê. Ela está internada no Hospital Municipal Fernando Magalhães, em São Cristóvão, para onde foi orientada a ir. Nesta segunda-feira, Manuela foi transferida para a UTI da unidade, por medida de precaução, para se submeter a uma transfusão de sangue. De acordo com a secretaria municipal de Saúde, ela está com anemia, mas o estado de saúde é estável e não corre risco de morte.
Se for comprovada a história, o médico poderá ser indiciado por omissão de socorro seguida de morte. A 14ªDP (Leblon) abriu inquérito para apurar o caso nesta segunda-feira. Uma das grávidas dispensadas pelo obstetra, Maria José de Freitas, de 27 anos, já está com o filho Iago em casa:
- Peguei o 476, como o médico indicou. Saltei no Campo de São Cristóvão e fui a pé até a maternidade. Tive muito medo de não dar tempo - contou ela ao RJTV.
Nesta segunda-feira, a Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores fez uma vistoria na maternidade do Miguel Couto. Segundo o vereador Carlos Eduardo, presidente da comissão, faltam seis enfermeiros e 18 técnicos de enfermagem. O único aparelho de detecção de sofrimento fetal, o cardiotocógrafo, está quebrado desde fevereiro e, dos 43 leitos, 11 foram interditados por causa de obras no hospital:
Se acordo com a secretaria municipal de Saúde, o médico foi afastado de todas as suas funções até que as investigações sobre o caso cheguem ao fim, no prazo máximo de três semanas. O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) também abriu sindicância para apurar o caso. Caso seja comprovada a omissão do profissional, ele poderá receber desde uma advertência até ter sua carteira profissional cassada. O presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze, diz que ainda é cedo para afirmar que foi o médico que escreveu no braço das pacientes.
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