segunda-feira, 6 de julho de 2009

Menores vendem balas de madrugada enquanto mulheres adultas supervisionam sentadas em colchonetes

O GLOBO

menores da lapa

RIO - Bastam algumas horas na movimentada noite da Lapa para perceber um crime que passa ao largo das operações de ordem pública promovidas pela prefeitura: dezenas de crianças, entre 4 e 13 anos, vendem balas de bar em bar, numa jornada que chega a 12 horas diárias. Embaixo dos arcos, acomodadas em colchonetes e cadeiras, ficam mulheres adultas, supervisionando. De tempos em tempos, os pequenos vendedores vão ali prestar contas. A cada hora que passa fica mais difícil saber quantos menores são. Na sexta-feira, dia 26 de junho, repórteres do GLOBO contaram mais de 30 menores vendendo balas na Lapa. A maioria vem da Baixada Fluminense e diz que estuda regularmente:

- Nos fins de semana, trabalho para ajudar a minha mãe a comprar comida - explicou uma menina de 4 anos. Moradora de Gramacho, no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ela trabalha ao lado do irmão, de 9 anos. Indagado sobre a mãe, ele foi rápido:

- Ela também vende bala para pagar o aluguel - afirmou, pouco antes de seguir na direção de um grupo de mulheres que estava debaixo dos Arcos da Lapa.

Um mapeamento feito pelo Conselho Tutelar do Centro atesta que cerca de 40 crianças trabalham na Lapa durante a noite e a madrugada. A conselheira Maria Regina da Silva conta que que a maioria das crianças é de aluguel: cada mulher chega a levar dez menores para trabalhar na Lapa. No máximo dois são seus filhos. Os outros são sobrinhos e filhos de vizinhos e de amigos.

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