quarta-feira, 24 de junho de 2009

Delegado suspeita de tortura

O DIA

Tia e prima, em depoimento, voltaram a afirmar que morte de Sophie foi apenas “fatalidade”. Corpo da menina será levado pelo pai para ser enterrado na Áustria

POR NATALIA VON KORSCH , RIO DE JANEIRO

Rio - As responsáveis pela guarda de Sophie Zanger, 4 anos, podem ser indiciadas por tortura, cuja pena chega a oito anos de prisão. A afirmação foi feita ontem pelo delegado da 36ª DP (Santa Cruz), Aguinaldo Ribeiro, referindo-se a Giovana dos Santos, 42, e Lilian dos Santos, 21, tia e prima da menina. As duas prestaram depoimento ontem e negaram envolvimento na morte da garota, vítima de traumatismo craniano. “Foi uma fatalidade, ela escorregou, caiu e bateu a cabeça durante um banho, podia ter acontecido com qualquer um. Os laudos médicos vão provar”, disse Lilian.

Foto: André Mourão / Agência O DIA
Lilian (E) e sua mãe, Giovana, afirmaram que Sophie escorregou durante banho e bateu com a cabeça

Os laudos devem ficar prontos amanhã e, segundo o delegado, apenas depois de analisá-los vai ser possível dizer se a menina tinha lesões provocadas por constantes maus-tratos. Ele disse acreditar, no entanto, que a morte tenha sido um acidente. “Elas vão negar as agressões por toda a vida, mas os depoimentos de vizinhos e da médica que a atendeu no Hospital de Saracuruna vão nos dizer se as crianças sofriam maus-tratos. Se ficar provado que as agressões eram recorrentes, elas responderão por tortura”, disse Aguinaldo, que deve ouvir hoje a médica e os vizinhos.

O irmão de 12 anos de Sophie, que também passou por exames de corpo de delito, já havia confirmado a versão das tia e da prima de que a menina teria batido a cabeça enquanto ele lhe dava banho. Ontem, vizinha de Giovana e Lilian disse à polícia que ouvia constantemente choro de crianças vindos da casa.

A Justiça Federal autorizou que o pai de Sophie, o austríaco Sascha Zanger, retirasse o corpo da filha do Instituto Médico Legal e realizasse o traslado para a Áustria, onde ocorrerá o funeral.

Uma terceira criança, de 11 anos, também estaria sofrendo maus tratos na casa de Giovana, que amanheceu pichada com as palavras ‘assassina’ e ‘covardia’. A avó da menina esteve ontem ontem na delegacia e disse que ela estaria sob cárcere privado desde os 4 anos. O delegado afirmou desconhecer o caso.

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