quarta-feira, 24 de junho de 2009

Caso da engenheira Patrícia: PMs podem ser presos nesta quarta-feira

O DIA

Delegado e perito do caso dão detalhes do crime ocorrido há um ano

POR VANIA CUNHA, RIO DE JANEIRO

Rio - O caso da engenheira Patrícia Amieiro Franco, de 24 anos, parece estar chegando ao fim. Os quatro PMs, apontados como responsáveis pelo crime, foram denunciados pelo Minstério Público e podem ser presos ainda nesta quarta-feira. Também nesta manhã, durante entrevista coletiva, Ricardo Barboza e Sergio da Costa, delegado e perito responsáveis pelas investigações, detalharam o crime ocorrido há um ano e que chocou a população.

A denúncia do Ministério Público já está nas mãos do juiz Fábio Uchôa, titular do 1º Tribunal do Juri da Capital e a prisão pode ser decretada ainda nesta quarta-feira. De acordo com as investigações, Marcos Paulo Nogueira Maranhão, Wilian Luis do Nascimento, Fabio da Silva Santos e Marco Oliveira dos Santos foram os responsáveis pela morte e desaparecimento da engenheira.

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O irmão de Patrícia, Adryano Franco, com o pai, Celso Franco, durante a entrevista coletiva sobre o caso do desaparecimento da engenheira | Foto - Paulo Araújo - Agência O Dia

Marcos Paulo e Wilian Luiz estavam na viatura baseada na saída do Túnel do Joá e teriam feito os disparos. Eles foram acusados de homício, ocultação de cadáver e fraude processual. Fabio da Silva e Marco Oliveira, que deram cobertura, só não responderão por homicídio.

"Esses maus policiais nunca poderiam estar na rua para que outras famílias não sofram o que sofremos. A gente lamenta a demora e a mudança que este caso passou este ano. Esperamos que estes policiais nunca mais saiam da cadeia", disse o pai de Patrícia, Celso Franco, que acompanhou a coletiva de imprensa ao lado do irmão da vítima, Adryano Franco.

Muito emocionado, Adryano não quis falar com a imprensa. Ele acompanhou toda a entrevista com uma camiseta do movimento "Cadê Patrícia", criado para cobrar providências das autoridades sobre informações do paradeiro da engenheira.

Até pedra de 8kg usada para descaracterizar o homicídio

O delegado Ricardo Barboza e Sergio da Costa, diretor do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, detalharam o ocorrido no dia do assassinato. Para o delegado e o perito, não houve sequestro e sim crime e tudo foi feito para descaracterizar o homicídio. Eles informaram também que o depoimento dos PMs apontavam várias contradições. O laudo apresentado nesta quarta-feira tem 109 páginas e apresenta laudos da reconstituição, assim como exames feitos no carro e confronto balístico.

"O laudo assinado por dez peritos apresenta um conjunto de provas que o carro foi alvejado por três tiros ainda na saída do túnel. É praticamente impossível que o corpo tenha sido projetado para frente. Se isso aconteceu o corpo deveria estar na estrada e não dentro do canal.”, disse o diretor do ICCE.

Para as autoridades, Patrícia vinha pela Auto Estrada Lagoa-Barra, quando os policiais atiraram três vezes contra seu carro. O veículo caiu de uma ribanceira, bateu em um obstáculo, terminando por capotar. Não sabe se o carro caiu no canal ou foi jogado pelos PMs. foram encontradas um total de três perfurações que batem com as das pistolas .40, usadas pelos policiais exclusivamente durante o serviço, e também de calibre 380.

"Foi constatado que o veiculo sofreu diversas alterações ainda no local do crime, visando ocultar provas. Também mostra que um disparo atingiu o parabrisas dianteiro saindo pelo vidro traseiro e os outros dois tiros atingiram o capô, afetando o motor do veiculo.”, Revelou o delegado.

No carro da engenheira foram encontradas duas perfurações no capô e outra que entrou pelo vidro dianteiro, resvalou na tampa que cobre a mala. saindo pelo vidro traseiro. Também não se sabe se algum dos tiros acertou Patrícia. O delegado afirma ainda que uma pedra de 8kg foi também usada. Os PMs também teriam encontrado a película escura dos vidros intacta, mesmo após a passagem do projétil, e a teriam sacudido. Tudo para descaracterizar o homicídio. O corpo pode ter sido removido do banco do motorista com o cinto colocado, já que o dispositivo usado para soltar estava quebrado.

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