quarta-feira, 17 de junho de 2009

Senadores apresentam documento com propostas para moralização da Casa

O GLOBO

BRASÍLIA - O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) leu em plenário nesta quarta-feira um documento com propostas de oito senadores com o objetivo de tentar resolver a crise instalada no Senado com a série de denúncias dos últimos meses. Entre as propostas, está a demissão imediata do diretor-geral Alexandre Gazineo e todos os diretores. Os senadores querem ainda que o novo diretor-geral seja sabatinado e tenha o nome aprovado pelo plenário, com mandato fixo.

Tasso leu as propostas em plenário, com o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), presente. Sarney não fez nenhum comentário. Na terça-feira, acuado, ele usou a tribuna para se defender das acusações de usar os atos para nomear parentes, e dizer que a crise não é dele, mas do Senado.( Leia mais: Os recentes escândalos no Congresso e as providências que foram tomadas )

As propostas que serão levadas a Sarney são:

- Demissão imediata do diretor-geral Alexandre Gazineo e todos os diretores.

- Indicação de novo diretor, que deve ser sabatinado e aprovado pelo plenário, com mandato fixo.

- Que o novo diretor apresente uma proposta de reforma administrativa no Senado prevendo redução de pessoal e suspensão de novas contratações.

- Eliminação de vantagens consideradas acessórias para o cumprimento do mandato do senador; avaliar quais verbas extras devem ou não ser mantidas.

- Auditoria externa de todos os contratos do senado.

- Investigação do caso do ex-diretor de Recursos Humanos, João Carlos Zoghbi (créditos consignados) e que os atos secretos sejam investigados por um agente externo (PF ou MP)

- Reunião mensal do plenário para analisar e votar atos aprovados pela Mesa; e para definir a pauta de votação no plenário (hoje decidida pelos líderes)

A lista com as reivindicações foi elaborada em reunião nesta quarta feira entre os senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) , Tião Viana (PT-AC), Sérgio Guerra (PSDB-PE), Arthur Virgílio (PSDB-AM). Pedro Simon (PMDB-RS), Renato Casagrande (PSB-ES), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Tasso Jereissati (PSDB- CE). Eles também vão buscar o apoio de outros parlamentares.

- Não foi uma reunião de um grupo ético. Nosso interesse é mobilizar o maior número de senadores - disse Jarbas, esclarecendo que o grupo vai estabelecer um prazo para que Sarney, depois que receber o documento, adote as providências.

Na opinião de Jereissati, esse é o melhor caminho:

- É preciso que se acabe com a suspeita de que haja qualquer proteção.

Também nesta quarta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiou Sarney e disse, em Astana, no Cazaquistão, estar preocupado com o que classificou de "política de denuncismo" do Brasil, referindo-se à revelação dos atos secretos do Senado, que podem passar de 500 .

( Leia também: 'Depois da crise, ficamos mais iguais', diz Lula no Cazaquistão )

- Eu sempre fico preocupado quando começa no Brasil esse processo de denúncias porque ele não tem fim e depois não acontece nada - disse o presidente à BBC Brasil, antes de embarcar para Brasília - Não li a reportagem do presidente (do Senado, José) Sarney, mas eu penso que o Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como uma pessoa comum.

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